terça-feira, 12 de abril de 2011

CAPÍTULO II

Chega finalmente o grande dia. Para Débora, seu aniversário era o maior acontecimento do ano. Já tinha convencido sua mãe. Marcado com todas as suas amigas e organizado uma festa incrível, prometendo a elas uma grande surpresa. Além de se produzir nos mínimos detalhes, pois ela queria estar perfeita e assim ficou. Usou um top prateado com tons brilhantes e uma bela calça jeans preta, realçando ainda mais a sua beleza, porque ela queria ficar perfeita para seduzir o Jonas de uma vez por todas.
No momento marcado para iniciar a festa, ela ainda estava se arrumando. E os convidados já estavam ansiosos para o que iria acontecer naquela noite. Débora havia convidado todos do colégio onde estudava e essa atitude intrigou Tereza, que apesar de ser ambiciosa, nunca viu essa reação na filha.  Logo Vânia também chegou e foi até o quarto da nova amiga ajuda-la a se preparar para sua grande festa. No decorrer das horas, todos chegaram, exceto Fernanda e o principal convidado da noite, o Jonas. Após ficar arrumada, Débora pede a Vânia que avise a todos que a anfitriã da noite vai chegar. A menina havia preparado uma entrada digna de cinema, com direito a holofotes e toda a atenção para ela.
No instante que Débora apareceu no alto das escadas, todos a aplaudiram e cantaram os parabéns para ela, mas seus olhos estavam atônitos, buscavam Jonas em meio a multidão de seus amigos, conhecidos e até estranhos penetras que fizeram de tudo para ir  naquela magnífica festa.
Todos a elogiavam, parabenizavam, enfim, Débora recebeu o carinho devidamente programado, principalmente por uma dezena de interesseiros que ali estavam. Mas para ela, sem Jonas, aquela festa não tinha importância alguma. Então ela começou a beber muito. Misturou várias bebidas alcoólicas e acabou ficando tonta. Vânia que esteve o tempo inteiro ao seu lado, tentado deixa-la alegre, contribuiu mais ainda para que ela bebesse mais. Os fotográfos, os amigos, até mesmo Tereza estavam curtindo a festa. Mas Débora não, para ela tudo aquilo estava sedo em vão. Ela só queria o professor Jonas.
Mais tarde ela continuou a beber, os go go boys faziam bebidas muito variadas e saborosas, faziam filas para provar. Mas a aniversariante tinha lugar de destaque em meio aqueles homens lindos, Débora não só ficava entre eles, como também bebia direto da boca deles. Até que Vânia puxou ela para um canto isolado da casa e aconselhou que parasse com aquilo, lembrou a ela da promessa que tinha feito a Tereza e meio irritada, mas ainda consciente Débora aquietou-se.
Mesmo com esse episódio, a festa fluía em um clima muito bom, todos os convidados estavam satisfeitos, Tereza eufórica com os fotográfos e jornalistas enquanto apenas Débora ficava cada vez mais bêbada. Sempre alguém dava um jeito de burla a atenção de Vânia e levar algum drinque para a menina. Mas pelo menos ela estava ficando mais animada. E no instante que ela resolveu dançar a música parou e todos ficaram sem entender nada. Débora subiu na mesa onde estava o bolo e perguntou ao DJ o que havia acontecido. Mas nesse momento a porta principal da casa se abriu e Daniel entrou.
- O que você está fazendo aqui? – gritou Tereza, virando a cadeira de rodas na direção onde vinha o ex-marido.
- Cala a boca Tereza! Só estou aqui para dar os parabéns para minha filhinha. – sorriu cinicamente.
- Parabéns dado papai. Agora pode ir. – disse Débora com muita raiva. – Você sabe que não é bem-vindo aqui, não sabe?!
Daniel fez-se de coitado e retrucou.
- Estão vendo, nem no aniversário da minha filhinha posso ir. – lágrima falsas saíram dos seus olhos.
- Você é muito cinico, Daniel! – gritou Tereza.
- Já disse para você calar disse para você calar a boca Tereza! Sua inválida, ínutil!
- Inválida?! Para sua culpa, ou você esqueceu do tiro que me deu?
- Mas você me deu bons motivos para isso! – Daniel encarou a mulher.
- Muito em merecidos e até deveria ter recebido mais. – insinuou ela.
Débora que viu aquela discurção calada, começou a chorar. Estava com muita vergonha e sem pensar, bebeu um último gole da bebida que estava na mão de um rapaz ao seu lado e fugiu daquela situação constrangedora diante de toda cidade.
Ela correu muito, até cansar. Olhou para trás e viu a multidão se dissipando. No escuro do sítio em meio as árvores ela podia ver os faróis dos carros se distanciando então ela resolveu correr ainda mais. Parou embaixo de uma grande mangueira que ela costumava brincar quando criança e chorou. Chorou mais o que podia.
No dia que seria o mais perfeito de sua vida. O dia que conquistaria o amor da sua vida. Tudo acabou da pior forma possível. E ainda era o começo.
O celular tocou. Era Fernanda.
- Oi, A-M-I-G-A! – Disse Débora – Muito obrigada pela sua consideração!
Débora secou as lágrimas.
- Calma, Débora, tenho muitas novidades.
- O que aconteceu? – perguntou com muito desânimo.
- Não estou na sua festa, porque o Jonas me convidou para ir junto com ele.
- Não entendi – disse Débora, já desconfiada.
- Pois é, nem eu tinha entendido. E como não sei dirigir, nem minha mãe podia ir para o seu aniversário, resolvi aceitar a carona dele.
- E o que houve? O que ele queria? – agora sentira medo da resposta que viria.
- Ah, amiga... foi tão bom. – Fernanda estava suspirando.
- Vamos, diga logo o que aconteceu!
- Calma, já vou contar! – Fernanda riu – Nós ficamos e amanhã darei a resposta do pedido de namoro. Não é maravilhoso.
Débora ainda mais arrasada, desliga o telefone e chora ainda mais. Estava perdendo o homem que amava para sua melhor amiga, quase uma irmã. Parecia que o mundo estava desabando em sua cabeça.
Débora chorou, chorou muito. Queria matar Fernanda, queria matar o próprio pai. A menina estava sentindo os piores sentimentos que alguém pode te. Estava sentindo muita inveja, muito ódio.
- Débora? – chamou Vânia. – Débora, você está ai?
Débora choramingava.
- Débora, não chore! – disse Vânia abraçando-a. – Você não merece isso.
- Ai Vânia, me abrace! – Ela chorava ainda mais.
Vânia abraçou-a e secou suas lágrimas. Débora surpresa, percebeu o olhar penetrante de sua amiga. Mas não disse nada. Estava arrasada, humilhada. Só pensava em se vingar.
- Esquece isso Débora! – aconselhava a amiga.
- Nunca. Hoje foi o ir dia da minha vida, Vânia! – chorou mais.
Vânia acolheu Débora em seus braços e a segurou pela cintura. Sua respiração estava ofegante.
- Vânia é melhor a gente ir embora! – disse Débora tonta devido ao álcool.
Vânia a segurava mais forte.
- Me solta Vânia. Tá apertando!
Mas no envolvimento, o hálito quente da bebida, a situação única em sua vida. Vânia a beijou na boca. Débora apagou.
Já era dia. Os olhos de Débora doíam com a claridade. Os animais faziam muito barulho e estava muito incomodo. Ela abriu os olhos e tentou lembrar porque estava ali. Olhou para o lado e viu Vânia. Lembrou.
- O que estamos fazendo aqui? Não rolou sexo, rolou? – a cabeça doía.
- Bom Dia. – sorriu Vânia.
- Responda garota. – gritou Débora.
- Fizemos tudo, você está arrependida? – indagou Vânia.
- Não é isso, Vânia. É que essa não é a minha praia, você sabe disso!
- Mas Débora, foi a melhor tranza da minha vida.
- Eu nem lembro o que fizemos. – preocupou-se a menina. – O máximo que já fiz até hoje foi dar um selinho em minhas amigas. Jamais pensei em tranzar com outra mulher.
Vânia não negou seu súbito interesse em Débora desde o primeiro instante que a conheceu há muito tempo atrás e tentaria conquista-la de todas as formas possíveis.
Débora ficou intrigada, aquela experiência poderia até sido agradável se ela pelo menos lembrasse como foi, mas ela amava o Jonas e daria tudo de si para ficar com ele. O mesmo Vânia era capaz de fazer para te-la em seus braços novamente.
- Eu amo você, Débora!
- Não tenho coragem , Vânia!
- Eu sei de uma coisa que vai te deixar relaxada novamente.
- O que? – perguntou curiosa.
- Toma, prova isso! – Vânia ofereceu um cigarro de maconha já aceso. – Vai te deixar feliz. – sorriu.
De inicio, Débora rejeitou. Mas a amiga sabia que ela já havia usado drogas antes.
- Como você sabe disso?
- Débora Vasconcelos, eu sei muita coisa da sua vida, gata!
- Eu não te conhecia, como sabe tanto?
- Eu te conheci faz alguns anos, o Tony nos apresentou, na mesma danceteria que ele foi assassinado.
- Mas não lembro dele ter me apresentado para alguém.
- Claro! Você estava louca, garota! Parecia que nunca tinha provado um baseado.
Débora se perdeu nas lembranças.
- E nunca tinha provado mesmo. Aquela foi a primeira vez que eu tinha usado qualquer tipo de droga. Ah, mas vamos esquecer aquele dia. Só vai me deixar mais triste.
- OK! Mas vai fumar, não vai?! – insistiu Vânia.
Impulsiva e com raiva, Débora nem pensou. Tragou o cigarro o mais forte e após alguns minutos estava eufórica. Falar da morte do seu ex-namorado a deixava daquela maneira e com a ajuda da maconha a menina não conseguia se controlar mais. Entregando-se mais uma vez aquela outra mulher.
Só que dessa vez, Débora sentiu toda a relação e entregou-se totalmente. E gostou. Além de aquela não ser mesmo a primeira vez que ela fumava maconha, e Vânia sabia disso.       
E assim aconteceu, Débora nunca mais seria a mesma.

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